Sombras de Natal
Belvedere Bruno
Tâmaras, damascos e passas
sobre a mesa me trazem delicada
imagem de papai...
Tonalidade, textura e o arranjo cuidadoso
dão perfeição a um surpreendente
quadro de saudade.
Sempre trazia à mesa coisas diferentes, que muitos diziam não gostar. Admirava o empenho dele em fazer, daquele dia, uma data especial. No entanto,nunca falava em Papai Noel, dando ele mesmo os presentes aos filhos com a cara e a coragem de pai. Assim fomos criados. A alegria era genuína naqueles dias...
Quando partiu , o Natal se aproximava. Fiquei sem as minhas referências. Nada havia a ser comemorado . Onde estava aquela transparência , aquela doçura, aquele doar-se? Teria tudo se desvanecido durante a sua partida? Amorosamente, tentara preservar o Espírito Natalino na família, exemplificando-o em toda a sua trajetória. Hoje, observo que a realidade mostrou-se mais forte e dura do que o sonho daquele homem.
Desde que ele partiu, nunca mais tive em casa enfeites natalinos ... Papai- Noel , triste figura, se torna a cada ano presença mais indigesta.
Já faz algum tempo que Natal virou sinônimo de comércio, bebida... e samba! Tudo foge à sua simbologia .Não preciso ser cristã para chegar à conclusão de que toda a poesia que, de fato, existiu algum dia, deu lugar à falta de bom senso e respeito. Tão longe está aquele Natal de minha infância...
Que passe rápido, é o que desejo, reconhecendo, no entanto, o esforço de alguns seres amorosos que tentam preservar a data, seja no sentido cultural ou religioso.
Agora, apenas vislumbro sombras de Natal , já que seu verdadeiro sentido foi subtraído da forma mais perversa possível.
E nas minhas mais remotas lembranças, ouço vozes alegres e francas, que me dizem: - Feliz Natal, Belzinha!
Feliz Natal
ResponderExcluirBelzinha,
e nossos irmãozinhos europeus estão a pensar
que apenas eles ficarão sem festas, que apenas
lá houve a subtração perversa da mais pura e genuína alegria.
E agora, pergunto-me:
será que irão ler o que você escreveu?
Assim espero.
Beijos,
Eliana Crivellari-BH-MG
Bel, lembras-te como nós ficámos contentes, quando este teu belo texto foi publicado no Jornal "Diário As Beiras", da minha cidade?
ResponderExcluirMaria João Oliveira
COIMBRA - Portugal
Queridas amigas
ResponderExcluirNuma tarde meio sombria chegam essas palavras que iluminam meu coração e me dão esperança em dias melhores. Há consciência, há sensibilidade no mundo. Vejo que não estamos perdidos.
Mil bjs
Belvedere
"E nas minhas mais remotas lembranças, ouço vozes alegres e francas, que me dizem: - Feliz Natal, Belzinha!"
ResponderExcluirBelvedere,
De amorosidade, ternura , e afeto...vc. sabe- como poucos iinteiro o alfabeto, e onde moram.
Bjs, Valentina
Por aqui , as tamaras floram...seu texto me faz sentir em suas ramagens toda saudade do Brasil.
ResponderExcluirLivia Abdala-Líbano